Uma coisa interessante da City University é sua proximidade com a indústria de jornalismo. E uma coisa interessante da indústria daqui é que os jornalistas têm tempo e paciência de ir à faculdade conversar com alunos.
No penúltima semana de janeiro, a festa acabou e nossas aulas voltaram. Começamos o ano com três dias intensivos de apresentações, debates e brainstorming sobre inovação em jornalismo, que é o nome de um dos módulos deste termo acadêmico.
Tivemos painéis com Buzzfeed, The Telegraph, Sky News, BBC 1, The Times, entre outros.
A mesa mais interessante foi a que reuniu os times de gráficos interativos do Wall Street Journal, do laboratório de notícias da BBC e da editoria de projetos especiais do The Guardian.
Nessa leva, estava James Ball, do The Guardian. Ball é um repórter de 29 anos que foi recrutado por Julian Assange para lidar o vazamento dos milhares de arquivos do Wikileaks e que, no Guardian, esteve por trás da grande história de 2014, as denúncias de Snowden. Ele se formou na City em 2008 e hoje é editor de projetos especiais do Guardian.
Sua apresentação funcionou como um chacoalhão na platéia. Aqui, como no Brasil, há muitos querendo entrar no jornalismo, alguns mais pelo glamour que a indústria ainda carrega que pela natureza da atividade.
Também aqui há muitos que sonham com a estabilidade num segmento cada vez mais fragilizado, e não consideram quais habilidades precisam desenvolver para permanecerem relevantes no jornalismo.
Ball falou sobre a necessidade de trabalho em equipe, da necessidade de aprender softwares que te ajudam a lidar com dados, da importância de pensar sua audiência, da necessidade de ser digital, mesmo com todo o amor que se possa ter ao papel.
Em 15 minutos, o repórter nos deu frio na barriga, mas também coragem para seguir viagem.
O seminário continuou tarde adentro e terminou na sexta. No último dia, já um pouco cansados e todos muito preocupados com o exame de direito de mídia que nos esperava na segunda, recebemos a visita de uma… atriz.
Ela nos fez pular, fazer caretas até a cara doer, cantar canções de ninar gritando e mais uma série de coisas esdrúxulas, tudo para que aprendêssemos a soltar a voz e a descontrair em público.
No final de março, iremos apresentar para pessoas da indústria uma solução jornalística, na qual estamos trabalhando.
Nossa ideia, ainda em evolução, é um aplicativo para notícias em áudio, nos moldes do app Clippet News, mas com alta carga de personalização: por exemplo, o aplicativo poderá sugerir notícias de acordo com a localização ou ainda de acordo com a agenda de compromissos do usuário.
As dicas da atriz deverão servir para que não tenhamos uma crise histérica antes da apresentação e que, ao contrário, soltemos a voz e a respiração.
Agora só nos falta trabalhar no projeto para que, quando falarmos da nossa solução para os figurões dos jornais ingleses, estejamos confiantes no que criamos.